sábado, 12 de maio de 2012

Aldeia Indígena Jenipapo – Kanindé - Um paraíso natural a ser descoberto


Por Bárbara Costa, de Pindoretama – CE


Jenipapo-Kanindé é uma das etnias indígenas do estado do Ceará. Localizada no município de Aquiraz, próximo as praias de Presídio e Iguape. Descendentes dos Payaku, a tribo vive aos redores da Lagoa Encantada, onde apresentam suas principais histórias, crenças, lendas, mitos e danças.

As crianças da comunidade frequentam a Escola Diferenciada de Ensino Fundamental Jenipapo-Kanindé , onde os professores, que também são indígenas apresentam a cultura da região.Vivem da pesca, da agricultura(batata-doce, mandioca e feijão), turismo comunitário, que vem crescendo recentemente e produção de artesanato, que se encontra a venda no ‘’Cantinho do Jenipapo’’, que foi preparado para receber os visitantes e oferecer as refeições, por um preço acessível. Também é oferecido o passeio pelo morro do Urubu e pela Lagoa Encantada.

A Aldeia conta com um contingente populacional de aproximadamente 300 moradores e 76 famílias. Maria de Lourdes da Conceição Alves, mais conhecida por Pequena, foi durante muitos a Cacique, onde a mesma afirma o seguinte: “Para ser índio não precisa estar vestido de índio daquele jeito que todo mundo conhece, o nosso índio tá no sangue”.

A Cacique Pequena é uma das principais lideranças femininas do movimento dos povos indígena, tendo sido a primeira cacique mulher do Brasil, pela reivindicação dos direitos indígenas, viajou o Brasil, deu conselho aos mais novos, ainda compõe canções para os rituais sagrados, e está sempre muito sorridente a todos que visitam a Aldeia Indígena Jenipapo Kanindé.

Mas, atualmente a Cacique é Juliana Alves, filha da Pequena. “Os mais jovens são mais engajados que os mais velhos, porque já cresceram sabendo da nossa história, os mais velhos têm uns acomodados, porque já foram muito perseguidos, a gente até entende”, afirma a eterna Cacique Pequena. A seguir leia um poema de autoria da Cacique Pequena.

“O índio é natureza, o índio é água viva 
O índio ele existe, ele é de resistir
Na mata trabalha o índio, para ele tirar seu pão
na santa terra trabalha, pra ele tirar seu pão
Os índios estando junto, por sua terra lutar,
sua terra demarcada e também homologada
sua terra demarcada e também desintrusada
sua terra demarcada e também registrada
Não podemos aceitar, esse tipo destruidor
que veio pra destruir a nossa santa Mãe Terra.
A nossa santa Mãe Terra, ela é grande tesouro
é nela que nós convive, é dela que nós precisa
É dela que nós precisa, sem ela não somos nada
somo que nem uns peixinhos, nadando fora da água...”. 

Atualmente a Aldeia conta com o “Museu dos jenipapo-Kanindé”, organizado no espaço da antiga escola indígena. Neste sentido, os indígenas no museu organizam a memória em primeira pessoa, enquanto espaços de representação que estabelecem olhares para si: dos índios sobre eles próprios, vinculados à sua memória, diversidade e identidade étnica, ao seu processo de organização e luta política; apresentando seus pontos de vista sobre suas culturas.

Estrada que liga a CE – 453 a Aldeia Indígena Jenipapo – Kanindé 

Área Interna do Museu dos Jenipapo-Kanindé

Lagoa Encantada – Próxima ao Morro do Urubu


Maria de Lourdes da Conceição Alves (Cacique Pequena) 


ASSISTA O DOCUMENTÁRIO: “OS CABELUDOS DA ENCANTADA”, onde é demonstrado por meio de testemunhos e outras cenas o dia-a-dia da aldeia e a luta da etnia pela demarcação das terras onde residem.

Um comentário:

  1. Ótima iniciativa! Essa reportagem despertou em mim a vontade de visitar e se possível até ajudar de alguma forma esse povo tão desassistido.

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